O fim dos programas musicais?

20 de julho de 2009 Deixe um comentário

A TV sem som do novo século!

A TV aberta brasileira está cada vez mais parecida com uma rádio AM. Apesar de termos entrado na era da transmissão em alta definição, onde o som e a imagem ganharam qualidade digital, os recursos de som parecem ser cada vez mais sub-utilizados já que os programas musicais estão em extinção nas televisões do País.

De que adianta a TV ter som digital se não toca música?

De que adianta a TV ter som digital se não toca música?

As rádios AMs já foram bem mais musicais no passado, mas devido à má qualidade das transmissões elas passaram a ser cada vez mais voltadas ao evangelismo, ao jornalismo e aos programas de variedades. Enquanto isso, as FMs, com melhor qualidade, passaram a concentrar todo tipo de música. Desde as mais populares até as eruditas. Diante desse fenômeno, muitos artistas acabaram de fora da programação, principalmente os nacionais mais populares ou os considerados bregas.

Na TV brasileira, os programas musicais também perderam espaço e os que restaram estão confinados a horários mais alternativos. O tradicional formato da apresentação de atrações musicais não seguram mais o telespectador, então hoje os programas que recebem esses cantores aproveitam a participação dos mesmos para entrevistas e participação em outros quadros. A Ivete Sangalo pode cantar uma música, mas antes era terá de falar do casamento, da gravidez e assim por diante. Raramente, um cantor ou um grupo se apresenta somente para apresentar suas músicas.

sabadaoNas décadas passadas, isso era muito comum. Programas como “Cassino do Chacrinha”, “Globo de Ouro”, “Vamos Nessa” e “Sabadão” eram quase que somente musicais, com os apresentadores se restringindo a apresentar as atrações. Quase todas as emissoras também tinham seus programas dedicados somente aos videoclipes, alguns inclusive em horários nobres. Era a época de “FM TV” e “Shock” (Manchete), “Clip Trip” (Gazeta), “Clip Clip” (Globo), “SuperSpecial” (Band), “Kliptonita” (Record), “Som Pop” (Cultura) entre outros. Até mesmo a MTV (que significava Music Television) e nasceu como uma espécie de FM) praticamente eliminou os programas musicais.

"Operación Triunfo" fez enorme sucesso na Espanha

"Operación Triunfo" fez enorme sucesso na Espanha

Na época do reality show, as tevês buscam novos formatos. Hoje, tirando os megashows, “Roberto Carlos Especial” ou os especiais de fim de ano, as raras atrações de horário nobre se limitam ao “Ídolos” e “Astros”. Também na busca de novos talentos está o programa “Raul Gil”, em seu quadro de calouros. Outro formato foi apresentado no Brasil como “Fama”. Apesar de ter um formato muito interessante, com confinamento e treinamento dos novos talentos, a versão brasileira não obteve o mesmo sucesso do original “Operación Triunfo”, que parou a Espanha em sua primeira edição, revelando David Bisbal para o mundo pop. Um dos principais problemas foi a atração ficar restrita ao horário vespertino dos sábado, com pouca divulgação. Será que se o programa tivesse a divulgação de um “Big Brother Brasil” e estivesse na grade noturna, não se repetiria o sucesso da versão espanhola?

Quem foi rei nunca perde a majestade!

Quem foi rei nunca perde a majestade!

E lembrando rádio AM, um programa que me chamou muita atenção foi o “Rei Majestade”, apresentado por Sílvio Santos no SBT, no final de 2006. Talvez um pouco pelo saudosismo, mas a fórmula foi bem interessante. O programa reunia atrações do passado, que além de cantar seu maior sucesso, também apresentavam uma música da atualidade. Por lá passaram: Kátia ´Cega´, Markinhos Moura, Perla, Ângelo Máximo, Luiz Ayrão, Gretchen, Wanderley Cardoso, Ângela Maria, Rosana, Sílvio Brito entre muitos outros. A novidade era a interatividade, com o auditório e os internautas votando em seus preferidos, que gravaram o CD do SBT. Outra atração do próprio Sílvio Santos é o “Qual é a Música”, que chegou a ganhar o horário nobre do SBT por alguns meses, mas que não se manteve na grade. Meio brega, mas de relativo sucesso também na Espanha está o recente “Los Mejores Años de Nuestra Vida”. O programa da TVE é uma divertida competição entre as músicas das décadas de 60, 70, 80 e 90. Outro dia, a convidada foi Bonnie Tyler.

Os tempos mudaram e o micro system que tenho em casa e ganhei em 1999 é uma coisa muito ultrapassada. O que faço com dois decks para fitas cassetes? Para que serve um aparelho de som sem entrada USB ou que não toca MP3? Hoje, ninguém fica horas mais ligado na MTV esperando passar um clipe determinado para gravá-lo. É só se conectar na internet e assistí-lo na mesma hora pelo YouTube. Com isso, os programas musicais também mudaram, mas não podem ser desconsiderados. Num formato muito tradicional, os recentes especiais do rei Roberto Carlos aumentaram a audiência da Globo. Cabe hoje descobrir novas fórmulas e apostar um pouco mais nessas atrações, fazendo-se valer dos recursos existentes hoje, principalmente a interatividade.

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Fazendeiros x BBB

17 de julho de 2009 Deixe um comentário

´A Fazenda´ é bem mais interessante

Quando soube da intenção da Record em promover uma edição nacional de um reality show nos moldes de “A Fazenda” fiquei com uma expectativa grande em relação à nova atração. Já tinha acompanhado algumas edições de

Os 14 ´fazendeiros´ do reality da Record

Os 14 ´fazendeiros´ do reality da Record

“Quinta de Celebridades”, em Portugal, onde o brasileiro Alexandre Frota foi um dos destaques e acreditava que o formato me traria novamente um certo ânimo em assistir um programa de TV onde pessoas ficariam confinadas.

Independentemente da audiência, do sucesso ou do fracasso do show acho que já houve um ganho em voltarmos a ter uma opção ao marasmo das últimas edições do “Big Brother Brasil”, que a cada ano perde empolgação. Felizmente, em 2009 praticamente não assisti a um episódio do programa global e não senti a menor falta.

O programa da Record tem ao menos duas características que o tornam mais atraente que o da Globo. Primeiro: é muito mais interessante de se saber o dia a dia e o que pensam pessoas já conhecidas ou famosas do que anônimos que sonham em ser famosos. Se não fosse assim, as revistas de celebridades não se multiplicariam nas bancas e livrarias. Por qualquer razão que seja, se uma pessoa é famosa, ela conquistou isso por algum motivo, coisa que os últimos BBBs sequer conseguiram. Os participantes do reality paulista foram escolhidos porque já apresentaram algo de interessante, seja nas artes, na música ou nas passarelas.

Outro motivo é de que os participantes de “A Fazenda” não ficam numa casa

Clima frio impediu que participantes mostrassem dotes físicos.

Clima frio impediu que participantes mostrassem dotes físicos.

com piscina e academia, onde só existam festas, jogos recreativos, os próprios afazeres domésticos ou mesmo a higiene pessoal. Na atração da Record, eles têm tarefas a cumprir e, no mínimo, voltam pra cidade conhecendo como é a vida em uma fazenda. Como todos os participantes vivem hoje uma rotina urbana, eles aprendem que o campo tem suas regras e suas rotinas. E os BBBs aprendem o que? A conversa da atração gira em torno de: o que eu vou fazer quando sair da casa? Você já tem um agente para guiar sua carreira?

Max ganhou a última edição, mas que é Max na boite???

Max ganhou a última edição, mas que é Max na boite???

O objetivo de ganhar um bom dinheiro é igual, mas o que vem depois tem outras razões. Para alguns fazendeiros, a participação já rendeu um contrato com a própria emissora da Barra Funda para atuar nas próximas novelas. Alguns poucos brothers ainda aproveitam a exposição para se instruírem e seguirem uma carreira artística, mas até aí é um longo caminho.

Agora, com o programa já tendo atravessado mais da metade do caminho, a edição corrigiu as principais falhas do início e a técnica também melhorou a captação de som e imagens. Brito Júnior também, aos poucos, parece se soltar mais e encontrar o ponto certo. É um caminho natural. Lembram-se que na primeira versão do BBB, Pedro Bial dividia a apresentação com Marisa Orth e não deu certo?

Britto Jr, aos poucos, vai se soltando no comando da atração.

Britto Jr, aos poucos, vai se soltando no comando da atração.

A Record acertou bastante na divulgação do programa, utilizando principalmente outros programas da grade, mas a falta de um pay-per-view com 24 horas da atração precisa ser corrigido rapidamente. Isso pode não ser tão fácil, já que a NET pode dificultar as coisas, assim como criou obstáculo para a entrada da Record News em seus pacotes básicos. Outra coisa é não ficar mudando a atração de horário a cada semana. Com muitas opções do que ver, o telespectador normalmente não vai ficar procurando uma atração, ainda mais se é algo novo.

Com apenas sete participantes, o reality tende a ganhar mais emoção nas próximas semanas, além do público já estar mais familiarizado com os concorrentes. Isso deve garantir um bom desempenho da atração até o final de sua primeira edição. Vamos ver…

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Um véu que se arrasta

16 de julho de 2009 Deixe um comentário

Compra-se uma novela melhor

Ainda não consegui achar graça em “Vende-se Um Véu de Noiva”, remake produzido pelo SBT de uma novela antiga de Janete Clair. Faltavam alguns anos para eu nascer quando a versão original “Véu de Noiva” foi apresentada entre 1969 e 1970, na TV Globo, mas quando se sabe que um texto da novelista será adaptado sempre se cria uma expectativa.

Novela tem alcançado audiência média de seis pontos.

Novela tem alcançado audiência média de seis pontos.

Por sinal, nos últimos tempos, a teledramaturgia vem ganhando muitos remakes. “Paraíso”, na Globo, e “Bela, a Feia” na Record corroboram com o fenômeno. Falta de criatividade dos autores? Maior garantia que o texto não se perderá no caminho? O primeiro fato é que os grandes escritores que garantiam as boas novelas do passado não estão mais entre nós e hoje só poderão escrever se forem psicografados. Não temos mais Janete Clair, nem Dias Gomes, nem Cassiano Gabus Mendes, nem Wilson Aguiar Filho, nem Ivani Ribeiro ou Leonor Basséres. Alguns dos que ainda restaram estão desgastados e parecem repetir a mesma fórmula só mudando as personagens. Alguns nem isso. A próxima novela de Manoel Carlos se passará no Leblon, terá uma Helena e não terá grandes vilões porque não há pessoas más morando no bairro carioca? Não diga.

Íris Abravanel estreou em “Revelação” apoiada por uma equipe de vários co-autores, o que é comum nas novelas atuais. Com um grande número de personagens e núcleos, tornou-se uma tarefa desgastante escrever textos sem se perder no meio do caminho. Hoje, só a Glória Peres é uma remanescente e assina suas novelas sozinha. Para primeira experiência, não foi ruim. A novela teve algumas coisas um tanto batidas e outras previsíveis, mas o resultado não foi dos piores.

Em sua segunda tentativa, a novela parece ter entalado neste começo de segunda fase. A primeira mostrou uma boa fotografia, mas foi lenta demais para os dias atuais, onde uma trama inicia num dia e no outro já é resolvida para se abrir uma nova. A atuação dos protagonistas masculinos novatos também foi sofrível. Ainda bem que se resumiu a duas semanas, senão a novela ia ter sérios problemas.

A experiência de Maria Estela contra

A experiência de Maria Estela contra o inexpressivo Nando Rodrigues

Já, na segunda fase, se você perde alguns capítulos e assiste depois parece que nada aconteceu. Mais ou menos como funcionavam as novelas no século passado. Uma empresa de pescados no Guarujá também parece não ter nada de atual. Muito menos um bebê que foi raptado por um dos protagonistas e agora se vê em volta com seus pais verdadeiros também já deu, né? Até mesmo o tradicional público do SBT se cansou das versões mexicanas onde a mocinha sofre a novela toda nas mãos da vilã e no final se casa com o galã. Prova é que os últimos acertos da emissora da Anhanguera foram as reprises das produções da extinta Manchete.

Como não acompanhei o texto original, não posso prever se haverá grandes emoções daqui pra frente. Trazer um texto antigo de volta exige adaptações para os formatos atuais de novelas do nosso século. “Véu de Noiva” ainda tem tempo e pode se acertar, mas o SBT acena com novas possibilidades com a contratação de Tiago Santiago. Ao mesmo tempo que os textos previsíveis não atraem o telespectador, inovar demais também pode ter um efeito ruim. “Caminhos do Coração”, primeira novela da trilogia dos mutantes, rendeu boa audiência e inovou, mas as duas versões seguintes e consecutivas foram sofríveis.

A opção por novos atores, mesclando com experiente parece interessante. Funcionava muito bem na antiga Manchete e foi responsável por revelar os bons atores que temos hoje em cena, principalmente na Globo. Além disso, novos bons atores representam custos menores do que entrar na disputa já inflacionada pelos grandes nomes. Mesmo assim, os papéis-chaves precisam ser ocupados por bons atores e nesse caso melhor garantir com os já conhecidos, ou então corre-se o sério risco dos núcleos satélites absorverem os protagonistas. Murilo Benício e Déborah Secco nos papéis principais não dá!

De qualquer forma, como o horário é propício, vou continuar espiando a novela do SBT. Se não tiver uma boa novela, pelo menos eu tenho a sequência de letrar para concorrer a uma vaga no “Show do Milhão”!

Beijo e me liguem!

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Record x SBT

15 de julho de 2009 Deixe um comentário

Quem ganha e quem perde?

Há poucos anos, quando a Record lançou sua campanha “Rumo à Liderança” aquilo soava muito estranho e arrogante. Inicialmente, para se chegar ao primeiro posto e encostar na Globo era preciso primeiramente bater o SBT, que vencia fácil a terceira colocada. Mas para o episcopado da emissora da Barra Funda, a TV de Sílvio Santos já era vista como presa fácil. O canal de

Casa dos Artistas bateu a audiência do "Fantástico"

Casa dos Artistas bateu a audiência do "Fantástico"

Sílvio Santos ocupava tranquilamente o segundo posto desde o final dos anos 80, mas tirando episódios esporádicos, como as tardes de domingo, fenômenos como “Casa dos Artistas”, a Globo se manteve numa situação cômoda.

Já, na Record a situação era muito diferente da do início da década de 90, quando a emissora pertencia ao próprio Sílvio Santos e à família Machado de Carvalho. Sem aporte financeiro, a TV – que ainda não era rede e ficava na avenida Miruna – não era nem sombra da Record dos festivais, do jornalismo e do esporte. Com dificuldades financeiras, o homem do Baú priorizava os investimentos no SBT, que se mostrava com uma empresa mais sólida em detrimento das dívidas de seu segundo canal.

A solução foi apontada pela Iurd (Igreja Universal do Reino de Deus), que já arrendava grande faixa do horário da Record e tinha interesse em ter sua própria TV. O objetivo principal do canal era o de divulgar sua fé a uma audiência maior. De início, a igreja passou a ocupar mais espaço na programação. O debate era conduzido pelos bispos no “25ª Hora”, as novelas também eram proselitistas, surgindo títulos como “A Filha do Demônio”, onde a protagonista Patrícia de Sabrit era vítima de macumba e encontrava uma vida melhor quando uma amiga a levava à libertação na igreja. Certa vez, ao participar de um programa na emissora (“Top TV”) um dos produtores lançou a pergunta antes de entrarmos no palco: “Ninguém aí tá usando nada que tenha cruz, né”?

Mas a Record foi crescendo graças a esse dinheiro da venda de sua programação à Iurd. Ela já se tornava a maior rede em número de emissoras próprias. Funcionários evangélicos, como Mara Maravilha e Nill iam dando espaço para Bóris Casoy e Eliana. As novelas ganhavam atores e escritores de maior projeção. Enquanto isso, o SBT perdia seu espaço gastando com contratações milionárias, como Ratinho e Adriane Galisteu, que quando tinham espaço na grade, poderiam entrar às 3h ou às 15h, de acordo com o humor do dono.

Quando a Record lançou sua ofensiva, eu não conseguia lembrar um

Alguns capítulos da novela chegaram a bater a Globo

Alguns capítulos da novela chegaram a bater a Globo

programa que assistia na emissora. O primeiro grande acerto foi a novela “Prova de Amor”, de Tiago Santiago, que começou a encostar na Globo, que no horário só colecionava fracassos. Depois, veio a novela “Vidas Opostas”, de Marcílio Moraes, que às quartas-feiras chegava a ocupar o primeiro posto no Ibope.

Enquanto isso, no SBT, um acordo com a Televisa freava os investimentos no núcleo de novelas. As adaptações de “Os Ricos Também Choram”, “Cristal” ou “Marisol” não animavam a audiência. A recuperação só aconteceu com a compra das novelas da extinta Manchete, “Xica da Silva” e “Pantanal” mais recentemente. Elas custaram pouco e garantiram audiência. Já, a Record iniciou uma série de ações erradas, com a trilogia dos “Mutantes” e outros títulos que também não estão rendendo e têm alto custo de produção. Enquanto acerta em jornalísticos, como o “Hoje em Dia”, que foi copiado por quase todas outras tevês, a emissora ainda se perde quando tenta clonar os programas globais, como é o caso do “Esporte Fantástico”.

Nas últimas semanas, a briga voltou a esquentar. Primeiro, a Record tirava a principal audiência dos domingos do SBT. Após 35 anos no SBT, Gugu Liberato quebrou seu contrato e assinou para os próximos oito anos com a

O que Roberto Justus fará no SBT?

O que Roberto Justus fará no SBT?

emissora da Barra Funda. Antes mesmo da Record comemorar, veio o contra-ataque do SBT, que levou Roberto Justus, Eliana e o autor Tiago Santiago. Ainda é cedo pra saber se as contratações foram mais uma ação desesperada de Sílvio Santos. Justus até então foi bem na TV porque tinha o formato de “O Aprendiz” nas mãos. Será que de outra forma ele se sai bem? Santiago também vai precisar de uma equipe de atores e profissionais de qualidade para emplacar uma novela na nova casa. E essa novela seguirá o feito de “Prova de Amor” ou estará destinada ao fracasso, como o final da trilogia mutante?

Especula-se que o dinheiro que Sílvio Santos resolveu desembolsar nessa última semana seja proveniente de um acordo com o cunhado de Edir Macedo, R. Soares, que teria arrendado as madrugadas do SBT. Quem ganha e quem perde no final das contas, ainda é cedo porque novos capítulos devem ser escritos nas próximas semanas. Ou a Record corrige os equívocos recentes, engrena e parte realmente rumo à liderança, apoiada principalmente no aporte financeiro dos fiéis da Iurd, ou vai ter de se contentar em continuar brigando por pontinhos no Ibope com a TV da Anhanguera.

Enquanto isso, a Globo continua sozinha na liderança, com tranquilidade e apoiada em uma estratégia mais sólida que as concorrentes. De cima, ela assiste as duas brigando para entrar no páreo, se for precisa, quando as duas já estiverem cansadas. Apesar disso, a emissora do Jardim Botânico está atenta ao que acontece às duas emissoras, principalmente à Record, que conta com um faturamento extra que não entra na contabilidade global. Até agora, o telespectador também não ganhou muita coisa.

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Record x SBT

14 de julho de 2009 Deixe um comentário

Amanhã, sinto-me obrigado a falar um pouco dessa disputa que tanto movimenta o mundo televisivo.

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infância perdida?

14 de julho de 2009 Deixe um comentário

Os discos da infância

Existe uma expressão muito comum que é se referir à televisão como uma babá eletrônica. Os educadores certamente se assustam ao pensar que uma simples caixa de imagens pode substituir o aprendizado de crianças. Realmente, ela não substitui, mas influencia fortemente. Para o bem ou para o mal, não sei, mas sua importância não pode ser desconsiderada.

Das coisas de infância que ainda tenho guardadas na casa dos meus pais (que ainda é a mesma desde que eu nasci), os discos e compactos de vinil dizem muito do que foi o período. A TV agora é em cores, tem 29 polegadas, canais por satélite etc, mas os discos continuam os mesmos e ainda podem ser ouvidos no 3 em 1.

Um dos mais antigos é um compacto de histórias da família Barba Papa. Para quem tem menos experiência de vida, os Barbapapas eram uma animação

Crédito: Agência O Globo

Crédito: Agência O Globo

simplória feita com massinhas que passava na “TV Globinho”. Bem, se as animações hoje são praticamente todas feitas por computador, o nome do programa ainda é o mesmo que ocupa as manhãs da Globo. A apresentação que hoje é feita por atores adolescentes ficava a cargo de Paula Saldanha. A apresentadora tem uma produtora de vídeos ecológicos, junto com seu esposo, e está no ar com o programa “Expedições”, na TV Brasil.

No início dos anos 80, Xuxa ainda era somente a namorada do Pelé. A  Record dominava a tarde das crianças, com desenhos animados produzidos quase que totalmente pelos estúdios Hanna &

Criado nos EUA, o palácio Bozo fez mais sucesso no Brasil

Criado nos EUA, o palácio Bozo fez mais sucesso no Brasil

Barbera. Já em longplay, outro disco da época que encontro é o do palácio importado Bozo. Em 82, os diversos Bozos (Luiz Ricado, Sérgio Mallandro, Arlindo Barreto etc) devidamente trajados faziam brincadeiras no estilo do programa “Fantasia”, sorteando prêmios, como a tão sonhada bicicleta. Quantas vezes não liguei para o 236-0873, tentando pegar linha para participar do jogo da memória! Como eu morava no interior, é claro que isso tinha de ser feito meio escondido porque a ligação era interurbana. Os antigos ramais da região da Vila Guilherme, onde ficavam os estúdios da TVS, viviam congestionados tamanha a quantidade de crianças discando ao mesmo tempo para participar!

Outro disco é o da Turma do Balão Mágico, em sua primeira formação com Simony, Mike e Tobi e, futuramente, Jairzinho. Antes de ter uma

Os animais da capa podiam ser colados pelos donos do disco.

Os animais da capa podiam ser colados pelos donos do disco.

programação infantil diária, a Globo promovia especiais musicais no horário nobre como “Pluct Plact Zum”, “Pirlimpimpim” e “Arca de Noé”, todos assinados pelo falecido Augusto César Vanucci. Minha geração teve sorte em crescer ouvindo músicas infantis de Vinícius de Moraes, Toquinho, Raul Seixas, Elis Regina, Djavan, MPB4, Nei Matogrosso entre outros. As novas gerações não têm tanta sorte.

Do sucesso dos especiais e da demanda de mercado descoberta anteriormente pela TVS, a parte das manhãs globais passaram a ser ocupadas pelo “Balão Mágico”. A fórmula de desenhos animados apresentados por crianças não mudou muito na emissora e se mantêm no novo século. Mas os desenhos da rede fluminense apostavam em mais tecnologia para enfrentar os tradicionais “Pica-Pau”, “Popeye” e “Tom & Jerry”, do canal 4.

Outra fórmula que se repete de tempos em tempos, apenas com novos autores é o “Sítio do Pica-Pau Amarelo”. Semana passada, assistindo a um espetáculo num resort goiano, lembrei do quanto eu tinha medo da Cuca. Hoje, acredito que as crianças não tenham mais esse medo, como não tenham mais limites para muitas coisas ou então sejam mais informadas.

Já, mais para o final da década, surge algo que pode se considerar um novo formato. Xuxa, que começou num programa sem graça na Rede Manchete, acertava na fórmula, promovendo um programa de auditório com atrações musicais e onde as crianças brincavam no palco. Sempre intercalando desenhos mais modernos, como “Thundercats” e “He-Man”, o programa acertava também na parte comercial, sempre com muitos anunciantes

Como falamos de TV, a fórmula foi praticamente clonada em todas as demais emissoras e cada uma delas tinham a sua Xuxa. Aos poucos, desapareciam Bozo, Fofão, Carequinha, Atchim & Espirro, Dr. Cacareco e Sérgio Mallandro e apareciam Mara Maravilha (SBT), Angélica (Manchete), Mariane (SBT), Pati Beijo (Manchete), Debi (Manchete), Eliana (SBT), Andréia Veiga (Record) etc.

Uma exceção que valeu como tentativa foi o infantil “Lupu Limpim Clapla

Lupu Limpim Clapla Topo

Lupu Limpim Clapla Topo

Topo”. O nome complicado eram as iniciais, na língua do ´P´ dos apresentadores, o casal Lucinha Lins e Cláudio Tovar. Na contramão das loiras, a atração colocava contos infantis com a presença de atores, mostrando uma infância mais lúdica, com brincadeiras mais educativas. Bem, não deu certo! Em pouco tempo, o programa se reduzia às brincadeiras e logo entrava a menina Angélica, retomando o “Clube da Criança”.

Outra tentativa de fugir do padrão foi o “ZYB Bom”, criado pelo mesmo Vanucci, com a participação de seus dois filhos Aretha e Rafael, além de Rodrigo Faro e Samantha Monteiro. A atração era uma adaptação diária aos especiais infantis de sucesso no passado. Esse disco também está na coleção, que ainda tem o Topo Gigio, um simpático rato criado em 1958 na Itália e que nos anos 80 ocupava a tela da Band. Não achei o disco, mas consegui baixar a música de abertura da “Turma do Lambe Lambe”, transmitido na Bandeirantes no início da década. Essa semana mesmo, deparei-me enquanto assistia no Canal Futura ao mesmo Daniel Azulay, ensinando as crianças a desenhar. Isso sim me deu saudades. Talvez tenha sido um dos programas mais educativos dessa saga toda que foi a programação infantil da década e, felizmente, ele continua no lar das crianças, que hoje também contam com boas opções, principalmente nos canais pagos (e muito lixo também).

De qualquer forma, é inegável a importância da TV na formação e auxiliando na educação das crianças. E hoje, há sobretudo um aliado que eu ainda não tinha tanta familiaridade na infância: o controle remoto.

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Finalmente!

30 de junho de 2009 Deixe um comentário

A fantástica máquina de entretenimento

Há menos de duas décadas, ter um computador em casa era algo muito raro. Internet? Só me lembro do sistema de teletexto da Telesp, no qual você se conectava através de uma linha telefônica e tinha algumas informações escritas. Nada de imagens e muito menos vídeos, tão comuns hoje no mundo pós-YouTube. Era uma espécie de pré-Twitter. As televisões também não eram tão disseminadas. Foi nessa mesma época que elas começaram a se tornar comuns em mais de um cômodo da casa.

Ainda no início da década de 80, o único aparelho da minha casa transmitia imagens em preto e branco e ficava na sala, onde todos eram obrigados a compartilhar da mesma programação. No domingo, a briga era entre assistir Sílvio Santos (simultaneamente na Record e na TVS, que depois se tornaria SBT), as séries e filmes enlatados da Globo ou o “Show do Esporte”, na Bandeirantes (que ainda não era Band). A Tupi e a Excelsior já não existiam mais. Além das quatro primeiras, somavam-se as TVs educativas (Cultura pros paulistas e TVE pros cariocas), TV Corcovado e TV Rio (Rio) e TV Gazeta (restrita às proximidades da Grande São Paulo).

TV em cores somente em 83, quando queimou a antiga!

TV em cores somente em 83, quando queimou a antiga!

Com essas poucas opções, existia uma pasteurização da informação. Todos assistiam a mesma coisa e a Globo chegava a dar mais audiência que as demais até quando estava fora do ar. A única ameaça à emissora do Jardim Botânico era com os telespectadores que desligavam a televisão para fazer outras atividades ou então se divertiam jogando os videogames da primeira geração, como Telejogo, Atari ou Odissey, por exemplo. Mas para frear o avanço das novas máquinas eletrônicas, criou-se uma lenda que os videogames ´queimavam´ as televisões, que ainda tinham válvulas!

O Atari foi mais popular, mas eu gostava mais do Odissei

O Atari foi mais popular, mas eu gostava mais do Odissei

A programação de TV era a pauta das conversas no dia seguinte. Seja no trabalho, na escola ou nas rodas de amigos. Se um clipe era lançado, todos estava cantando a música no dia seguinte. Nesse cenário, foi possível que o álbum “Thriller” vendesse mais de um milhão de cópias.

No campo jornalístico, o “Jornal Nacional” também ditava a pauta. O Brasil ainda vivia o final de uma ditadura militar, com o presidente Figueiredo comandando um processo de abertura gradual até renascer uma democracia. Existia uma simbiose perfeita entre o jornalismo global e o regime político, mas vamos deixar isso para outros posts futuros.

Como tudo orbitava em torno da TV, não era difícil se interessar por assuntos ligados a ela. Eu lembro que minhas primeiras leituras foram das revistas “Amiga! TV Tudo” (Bloch Editores) e “Contigo!” (Editora Abril), que era o que existia em termos de informações sobre o mundo das telinhas e, é claro, fofocas de celebridades. Minha irmã me lembrou outro dia que era professora na época e quase não tinha tempo de se informar. E como todos precisavam ficar informados sobre TV, ela me contratou para fazer um informativo com as novidades da TV no dia anterior. Todos os dias, eu escrevia as principais notícias do que eu via na TV e colocava em baixo da porta pra ela ler no dia seguinte. Quase três décadas depois, lembrando disso, eu entendo que ser jornalista foi uma escolha mais prematura do que eu imaginava.

Após um longo período de maturação, finalmente esse blog se tornou realidade. A ideia é retomar o velho informativo que eu colocava pelas manhãs em baixo da porta do quarto da minha irmã e expressar um pouco do que acontece nesse mundo que hoje tem aparelhos de LCD com mais 50 polegadas, centenas de canais e transmissão em alta definição.

Ainda quero agradecer aos que de alguma forma me ajudaram a chegar até aqui, incentivaram a postar os primeiros textos e prometeram lê-los com frequência!

Até mais ver!