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Uma rosa bem cuidada

7 de abril de 2010 Deixe um comentário

Remake do SBT vem agradando os fãs de telenovelas.

Pouco mais de um mês após sua estreia no SBT, o remake de ‘Uma Rosa com Amor’ tem agradado ao se apresentar como uma opção leve e despretensiosa. A escolha do horário das 20h15, confrontando-se diretamente com o ‘Jornal Nacional’, preenche uma lacuna há muito esquecida pelas tevês brasileiras. O horário do JN é, a meu ver, uma ótima opção para os noveleiros que não querem ficar com a sisudês cada vez mais disfarçada e a informação históricamente tendenciosa do principal telejornal do País. Na década de 80, a Rede Manchete chegou a usar essa estratégia ao criar seu segundo horário de novelas, apresentando produções como ‘Helena’.

Uma Rosa com Amor

SBT investiu nas últimas semanas em mais chamadas para sua novela.

Apesar do escolha acertada, o novo horário ainda não mostrou desempenho em audiência esperado. Mas vale lembrar que assistir TV é uma questão de hábito. A novela das oito vai ao ar às 21h há mais de uma década. O SBT que adora mexer incontáveis vezes precisa deixar o telespectador criar o hábito de colocar na emissora no horário do jornal da Globo e isso pode levar algum tempo.

A nova versão de Tiago Santiago da obra de Vicente Sesso, exibida anteriormente na Globo, traz elementos simples que muitas vezes faltam às tramas complexas, cheias de núcleos e autores, cada vez mais presentes na tevê brasileira.

Em meio ao enredo principal e a história da solteirona Serafina Rosa Petroni e seu amor impossível com o patrão, o núcleo do cortiço do Bixiga, com atores experientes como Betty Faria, Edney Giovenazzi, Jussara Freire, Etty Fraser e João Acaiabe, se destaca e vai ganhando espaço na trama, como não poderia ser diferente graças ao talento dos atores. O tom cômico com as fofoqueiras e o apelo cultural da imigração italiana são temáticas muito simples e que agradam bastante, principalmente a quem como eu meio que faz parte da comunidade, já tendo cursado italiano na igreja da Nossa Senhora da Achiropita, sendo presença frequente na tradicional festa de rua, torcedor da Vai-Vai e, claro, descendente de italianos. O núcleo ‘italiano’ agrada até mais que o romance previsível dos protagonistas.

Foto: Lourival Ribeiro / SBT

Boa seleção de atores ajuda no desempenho da trama

Aos poucos o autor também vai se soltando e dando seus toques à trama, utilizando problemas atuais, como a depressão e bipolaridade de uma das personagens. Em ‘Prova de Amor’, na Record, Santiago abusou e com sucesso desse recurso e agora começa a testá-lo com o público mais tradicional do SBT.

Foto: Carol Soares / SBT

Protagonistas voltam ao vídeo após alguns anos.

A boa seleção dos atores e atrizes pelo SBT, que apesar de não ter grandes investimentos, trouxe de volta à tela atores um tanto esquecidos, como os protagonistas Carla Marins e Cláudio Lins. Ao lado de atores mais tarimbados e alguns novatos, acertou-se no ponto ideal. Muito diferente de algumas seleções da Globo, que chega a usar só rostinhos bonitos nos papéis principais e deixa os bons atores para segundo plano. O resultado é que o autor acaba tendo de alterar toda a trama para dar mais espaço aos bons atores e esconder o novatos. Em ‘Caminho das Índias’, o Márcio Garcia fez uma rápida aparição sem abrir a boca no capítulo final. Pouco para quem iniciou a trama como protagonista.

´Amor Imenso´

24 de setembro de 2009 Deixe um comentário

Domingo passado, assisti ao último episódio da terceira temporada da série “Big Love”, produzida e apresentada pela HBO. Apesar de não ter grande apelo ao público brasileiro, já que aqui não há tantos mórmons (apesar de eu ser um deles) ou quase não há registro de quem pratique o casamento plural, a série segurou minha atenção em suas três primeiras temporadas.

Bill e suas esposas Margene, Nicki e Barb.

Bill e suas esposas Margene, Nicki e Barb.

Não sou um grande aficcionado por séries, afinal elas funcionam como novelas, que é um gênero que me prende mais, mas o show produzido por Tom Hanks segurou minha atenção ao mostrar um mundo imaginável e muito distante. Quando se fala em poligamia, todo mundo já automaticamente associa a questão com algum tipo de bandalheira. Hoje, a poligamia é praticamente uma unanimidade de algo condenável, seja em grupos religiosos mais tradicionais ou na sociedade como um todo. Ninguém se coloca, como acontece com o telespectador da série, no lugar das pessoas que optam por um estilo de vida tão irreal à nossa época.

Tudo bem que se trata de uma série de ficção e isso fica muito claro nos últimos episódios, mas os conflitos de Bill com suas três esposas e respectivos filhos soam bastante reais e comprovam a máxima que diz: “se já é difícil um relacionamento com uma mulher, imagina com três?”. Além das dificuldades em se administrar uma família numerosa, o protagonista ainda enfrenta a rejeição da sociedade e da igreja, afinal Salt Lake City, capital de Utah, é habitada em sua maioria por SUDs (Santos dos Últimos Dias), que, diferente do que alguns ainda pensam, não só deixaram de praticar a poligamia há mais de cem anos, como abominam tal prática. Por sinal, sempre achei muito engraçado o fato de até hoje as pessoas ainda associarem a imagem de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias com a poligamia. Garanto que frequento os bancos da igreja desde os 17 anos, servi como missionário durante mais dois anos, mas jamais conheci um só polígamo pessoalmente.

Por essa razão, a família da série precisa esconder sua prática para não ser confundida com membros de seitas, que sob o manto do casamento plural praticam atrocidades como arranjar casamentos forçados para crianças ou aprisionar seus membros. Esses grupos estão sempre presentes onde deveriam estar: nas colunas policiais.

O cenário do programa cria para a TV um espetáculo cheio de conflitos que tornam a série dinâmica e atrativa para o telespectador, tanto que a série já recebeu e está concorrendo novamente ao Emmy ao Golden Globe (Globo de Ouro). Infelizmente, no Brasil, a série fica restrita a alguns que tem o privilégio de ter a HBO em seus pacotes de TV por assinatura ou têm paciência e banda larga suficiente para fazer o download dos episódios ou mais dinheiro ainda para importar os DVDs que, ontem, encontrei na Fnac por mais de R$ 200. O site do SBT coloca a série em sua programação, mas ela está escondida em algum dia da semana, por volta das 4h. Se alguém conseguir encontrar…

Uma pena que a terceira temporada se resumiu a dez episódios. Agora, é necessário esperar a série reestrear somente em janeiro na América do Norte para um pouco mais tarde chegar à TV brasileira.

Finalmente!

30 de junho de 2009 Deixe um comentário

A fantástica máquina de entretenimento

Há menos de duas décadas, ter um computador em casa era algo muito raro. Internet? Só me lembro do sistema de teletexto da Telesp, no qual você se conectava através de uma linha telefônica e tinha algumas informações escritas. Nada de imagens e muito menos vídeos, tão comuns hoje no mundo pós-YouTube. Era uma espécie de pré-Twitter. As televisões também não eram tão disseminadas. Foi nessa mesma época que elas começaram a se tornar comuns em mais de um cômodo da casa.

Ainda no início da década de 80, o único aparelho da minha casa transmitia imagens em preto e branco e ficava na sala, onde todos eram obrigados a compartilhar da mesma programação. No domingo, a briga era entre assistir Sílvio Santos (simultaneamente na Record e na TVS, que depois se tornaria SBT), as séries e filmes enlatados da Globo ou o “Show do Esporte”, na Bandeirantes (que ainda não era Band). A Tupi e a Excelsior já não existiam mais. Além das quatro primeiras, somavam-se as TVs educativas (Cultura pros paulistas e TVE pros cariocas), TV Corcovado e TV Rio (Rio) e TV Gazeta (restrita às proximidades da Grande São Paulo).

TV em cores somente em 83, quando queimou a antiga!

TV em cores somente em 83, quando queimou a antiga!

Com essas poucas opções, existia uma pasteurização da informação. Todos assistiam a mesma coisa e a Globo chegava a dar mais audiência que as demais até quando estava fora do ar. A única ameaça à emissora do Jardim Botânico era com os telespectadores que desligavam a televisão para fazer outras atividades ou então se divertiam jogando os videogames da primeira geração, como Telejogo, Atari ou Odissey, por exemplo. Mas para frear o avanço das novas máquinas eletrônicas, criou-se uma lenda que os videogames ´queimavam´ as televisões, que ainda tinham válvulas!

O Atari foi mais popular, mas eu gostava mais do Odissei

O Atari foi mais popular, mas eu gostava mais do Odissei

A programação de TV era a pauta das conversas no dia seguinte. Seja no trabalho, na escola ou nas rodas de amigos. Se um clipe era lançado, todos estava cantando a música no dia seguinte. Nesse cenário, foi possível que o álbum “Thriller” vendesse mais de um milhão de cópias.

No campo jornalístico, o “Jornal Nacional” também ditava a pauta. O Brasil ainda vivia o final de uma ditadura militar, com o presidente Figueiredo comandando um processo de abertura gradual até renascer uma democracia. Existia uma simbiose perfeita entre o jornalismo global e o regime político, mas vamos deixar isso para outros posts futuros.

Como tudo orbitava em torno da TV, não era difícil se interessar por assuntos ligados a ela. Eu lembro que minhas primeiras leituras foram das revistas “Amiga! TV Tudo” (Bloch Editores) e “Contigo!” (Editora Abril), que era o que existia em termos de informações sobre o mundo das telinhas e, é claro, fofocas de celebridades. Minha irmã me lembrou outro dia que era professora na época e quase não tinha tempo de se informar. E como todos precisavam ficar informados sobre TV, ela me contratou para fazer um informativo com as novidades da TV no dia anterior. Todos os dias, eu escrevia as principais notícias do que eu via na TV e colocava em baixo da porta pra ela ler no dia seguinte. Quase três décadas depois, lembrando disso, eu entendo que ser jornalista foi uma escolha mais prematura do que eu imaginava.

Após um longo período de maturação, finalmente esse blog se tornou realidade. A ideia é retomar o velho informativo que eu colocava pelas manhãs em baixo da porta do quarto da minha irmã e expressar um pouco do que acontece nesse mundo que hoje tem aparelhos de LCD com mais 50 polegadas, centenas de canais e transmissão em alta definição.

Ainda quero agradecer aos que de alguma forma me ajudaram a chegar até aqui, incentivaram a postar os primeiros textos e prometeram lê-los com frequência!

Até mais ver!