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Finalmente!

30 de junho de 2009 Deixe um comentário

A fantástica máquina de entretenimento

Há menos de duas décadas, ter um computador em casa era algo muito raro. Internet? Só me lembro do sistema de teletexto da Telesp, no qual você se conectava através de uma linha telefônica e tinha algumas informações escritas. Nada de imagens e muito menos vídeos, tão comuns hoje no mundo pós-YouTube. Era uma espécie de pré-Twitter. As televisões também não eram tão disseminadas. Foi nessa mesma época que elas começaram a se tornar comuns em mais de um cômodo da casa.

Ainda no início da década de 80, o único aparelho da minha casa transmitia imagens em preto e branco e ficava na sala, onde todos eram obrigados a compartilhar da mesma programação. No domingo, a briga era entre assistir Sílvio Santos (simultaneamente na Record e na TVS, que depois se tornaria SBT), as séries e filmes enlatados da Globo ou o “Show do Esporte”, na Bandeirantes (que ainda não era Band). A Tupi e a Excelsior já não existiam mais. Além das quatro primeiras, somavam-se as TVs educativas (Cultura pros paulistas e TVE pros cariocas), TV Corcovado e TV Rio (Rio) e TV Gazeta (restrita às proximidades da Grande São Paulo).

TV em cores somente em 83, quando queimou a antiga!

TV em cores somente em 83, quando queimou a antiga!

Com essas poucas opções, existia uma pasteurização da informação. Todos assistiam a mesma coisa e a Globo chegava a dar mais audiência que as demais até quando estava fora do ar. A única ameaça à emissora do Jardim Botânico era com os telespectadores que desligavam a televisão para fazer outras atividades ou então se divertiam jogando os videogames da primeira geração, como Telejogo, Atari ou Odissey, por exemplo. Mas para frear o avanço das novas máquinas eletrônicas, criou-se uma lenda que os videogames ´queimavam´ as televisões, que ainda tinham válvulas!

O Atari foi mais popular, mas eu gostava mais do Odissei

O Atari foi mais popular, mas eu gostava mais do Odissei

A programação de TV era a pauta das conversas no dia seguinte. Seja no trabalho, na escola ou nas rodas de amigos. Se um clipe era lançado, todos estava cantando a música no dia seguinte. Nesse cenário, foi possível que o álbum “Thriller” vendesse mais de um milhão de cópias.

No campo jornalístico, o “Jornal Nacional” também ditava a pauta. O Brasil ainda vivia o final de uma ditadura militar, com o presidente Figueiredo comandando um processo de abertura gradual até renascer uma democracia. Existia uma simbiose perfeita entre o jornalismo global e o regime político, mas vamos deixar isso para outros posts futuros.

Como tudo orbitava em torno da TV, não era difícil se interessar por assuntos ligados a ela. Eu lembro que minhas primeiras leituras foram das revistas “Amiga! TV Tudo” (Bloch Editores) e “Contigo!” (Editora Abril), que era o que existia em termos de informações sobre o mundo das telinhas e, é claro, fofocas de celebridades. Minha irmã me lembrou outro dia que era professora na época e quase não tinha tempo de se informar. E como todos precisavam ficar informados sobre TV, ela me contratou para fazer um informativo com as novidades da TV no dia anterior. Todos os dias, eu escrevia as principais notícias do que eu via na TV e colocava em baixo da porta pra ela ler no dia seguinte. Quase três décadas depois, lembrando disso, eu entendo que ser jornalista foi uma escolha mais prematura do que eu imaginava.

Após um longo período de maturação, finalmente esse blog se tornou realidade. A ideia é retomar o velho informativo que eu colocava pelas manhãs em baixo da porta do quarto da minha irmã e expressar um pouco do que acontece nesse mundo que hoje tem aparelhos de LCD com mais 50 polegadas, centenas de canais e transmissão em alta definição.

Ainda quero agradecer aos que de alguma forma me ajudaram a chegar até aqui, incentivaram a postar os primeiros textos e prometeram lê-los com frequência!

Até mais ver!