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´Amor Imenso´

24 de setembro de 2009 Deixe um comentário

Domingo passado, assisti ao último episódio da terceira temporada da série “Big Love”, produzida e apresentada pela HBO. Apesar de não ter grande apelo ao público brasileiro, já que aqui não há tantos mórmons (apesar de eu ser um deles) ou quase não há registro de quem pratique o casamento plural, a série segurou minha atenção em suas três primeiras temporadas.

Bill e suas esposas Margene, Nicki e Barb.

Bill e suas esposas Margene, Nicki e Barb.

Não sou um grande aficcionado por séries, afinal elas funcionam como novelas, que é um gênero que me prende mais, mas o show produzido por Tom Hanks segurou minha atenção ao mostrar um mundo imaginável e muito distante. Quando se fala em poligamia, todo mundo já automaticamente associa a questão com algum tipo de bandalheira. Hoje, a poligamia é praticamente uma unanimidade de algo condenável, seja em grupos religiosos mais tradicionais ou na sociedade como um todo. Ninguém se coloca, como acontece com o telespectador da série, no lugar das pessoas que optam por um estilo de vida tão irreal à nossa época.

Tudo bem que se trata de uma série de ficção e isso fica muito claro nos últimos episódios, mas os conflitos de Bill com suas três esposas e respectivos filhos soam bastante reais e comprovam a máxima que diz: “se já é difícil um relacionamento com uma mulher, imagina com três?”. Além das dificuldades em se administrar uma família numerosa, o protagonista ainda enfrenta a rejeição da sociedade e da igreja, afinal Salt Lake City, capital de Utah, é habitada em sua maioria por SUDs (Santos dos Últimos Dias), que, diferente do que alguns ainda pensam, não só deixaram de praticar a poligamia há mais de cem anos, como abominam tal prática. Por sinal, sempre achei muito engraçado o fato de até hoje as pessoas ainda associarem a imagem de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias com a poligamia. Garanto que frequento os bancos da igreja desde os 17 anos, servi como missionário durante mais dois anos, mas jamais conheci um só polígamo pessoalmente.

Por essa razão, a família da série precisa esconder sua prática para não ser confundida com membros de seitas, que sob o manto do casamento plural praticam atrocidades como arranjar casamentos forçados para crianças ou aprisionar seus membros. Esses grupos estão sempre presentes onde deveriam estar: nas colunas policiais.

O cenário do programa cria para a TV um espetáculo cheio de conflitos que tornam a série dinâmica e atrativa para o telespectador, tanto que a série já recebeu e está concorrendo novamente ao Emmy ao Golden Globe (Globo de Ouro). Infelizmente, no Brasil, a série fica restrita a alguns que tem o privilégio de ter a HBO em seus pacotes de TV por assinatura ou têm paciência e banda larga suficiente para fazer o download dos episódios ou mais dinheiro ainda para importar os DVDs que, ontem, encontrei na Fnac por mais de R$ 200. O site do SBT coloca a série em sua programação, mas ela está escondida em algum dia da semana, por volta das 4h. Se alguém conseguir encontrar…

Uma pena que a terceira temporada se resumiu a dez episódios. Agora, é necessário esperar a série reestrear somente em janeiro na América do Norte para um pouco mais tarde chegar à TV brasileira.